quinta-feira, 8 de março de 2007

Vinte e um anos depois do início da discussão em parlamento, as mulheres podem, finalmente, escolher!


Hoje é dia da Mulher.

Já perguntei a várias mulheres se gostam da ideia de terem um dia específico para o seu género. Apenas uma me respondeu que sim e justificou-o: "Sim, enquanto o dia for preciso!". Pessoalmente, a minha posição habitual face a eventos como este não é muito confortável, da mesma forma que não convivo bem com a ideia de existirem "quotas" de deputados ao parlamento. As minhas razões prendem-se com o facto de eu crer que um lugar só deve ser preenchido por alguém eleito por provas dadas em termos de competência durante o exercício das suas funções.
Contudo, a resposta daquela Mulher ecoou na minha cabeça: "...enquanto for preciso".
Sou demasiado novo e inexperiente para perceber o que é que ela queria dizer com isto. Não tenho nenhuma experiência profissional, sempre fui "filhinho dos papás" e não posso dizer que tenha tido que lutar seja pelo que for. Não sou um conformado, mas, de facto, pertenço a uma geração privilegiada. Sempre tive liberdade, os meus pais sempre tiveram um (bom) emprego e sempre procuraram satisfazer os meus caprichos. Sou-lhes agradecido por isso. Isto tem, todavia, um revés e repito-o: nunca tive que lutar por nada. Para além dos aspectos materiais, os meus pais sempre tiveram uma mente muito aberta. Sempre estiveram cientes daquilo que fizeram quando tinham a minha idade e, por isso, dão-me confiança para sair à vontade com os meus amigos sempre que eu quiser. Também é verdade que eu "sou de confiança". As minhas loucuras não são nem muitas, nem muito loucas (passo o pleonasmo).
Qual é a minha reflexão disto que vos escrevi?
De facto, os meus pais têm uma mente muito aberta e acham importante que eu saia de casa e esteja com os meus amigos. Não posso, de todo em todo, deixar de olhar para os exemplos de algumas colegas minhas, cujos pais não as deixam sair de casa com a mesma facilidade dos meus. Claro que as ruas são perigosas, não obstante parece-me que se elas fossem rapazes as coisas seriam, talvez, mais fáceis...
Este é, à escala da realidade dos jovens de hoje em dia, um dos exemplos da diferenciação que constato existir no tratamento das pessoas entre rapazes e raparigas.
Um segundo problema passa-se dentro da profissão que, dentro de alguns meses, será a minha: Enfermagem. É uma profissão, cuja origem se encontra em cuidados prestados por mulheres e que, na minha, ainda, incipiente visão, só se têm vindo a "prejudicar" sempre que os homens se metem "ao barulho". Não que não tenham havido grandes enfermeiros homens ou (permitam-me que corrija - façamos jus às fundadoras) "enfermeiras" homens (mesmo que isto vá contra as regras da língua portuguesa - as enfermeiras não se dão bem com regras que não sirvam os seres humanos por não serem pensadas!) - o meu avô foi um deles! Todavia, correntes paternalistas, normalmente encabeçadas pelo poderio masculino, têm vindo, positivamente, a agrilhoar, ao longo dos vários séculos de Ciência, a nobreza e o que há de mais telúrico desta profissão e arte...e ciência! Os seus utentes continuam, amiúde, a tratá-las utilizando a expressão "Menina" ao passo que a mim, ainda que eu os esclareça nesse exacto momento da minha condição de Estudante, não têm nenhum pejo em utilizar "Sr. Enfermeiro" ou, por vezes, um pomposo "Sr. Dr." (quando, em vez da farda, envergo a bata branca). Não me interpretem mal, mas a importância do "Sra. Enfermeira" consubstancia o reconhecimento devido a Um Ser Humano que presta cuidados e que desenvolve actividades que não têm género e que são resultado, neste momento de, pelo menos quatro anos de formação superior, com conhecimentos traduzidos em competências, fundamentados em princípios científicos, tão válidos como os da Física ou da Matemática ou da Medicina. A "Sra. Enfermeira" não é simpática, não é querida, não é amorosa, não é uma Menina...é uma Profissional, cuja simpatia, empatia, afecto, humor (entre outras competências/dimensões relacionais) são a tradução daquilo que consubstancia a sua principal técnica: a Relação Interpessoal.
Para mim, a Mulher não é a árvore, não é o fruto, não é a semente...ela é todo o Planeta! Ela é os grãos da própria terra que agarro no campo, a água do mar e do rio. A Mulher é o firmamento...o cosmos. É dela que tudo nasce...é do planeta que tudo nasce...da terra. Ela é a origem.
Hoje é Dia Internacional da Mulher. Hoje a Mulher libertou-se, em Portugal, de mais uma algema do poderio masculino. A partir de hoje a Mulher pode escolher interromper a gravidez que NÃO PODE prosseguir, mas que, acredito, NÃO QUERER interromper.
Esta é a minha forma de homenagear a Mulher, num dia que eu gostaria, no próximo ano, já não ser preciso.
P.S.: BEM-VINDA STEPH.

3 comentários:

Cláudia "Gomes"- 21 disse...

Que reflexão tão pertinente meu caro amigo, reflexão que me motivou a mim a reflectir.

Quando me perguntaste se me "sentia bem com a existência deste dia?", respondi-te prontamente que "não!"...pois para mim a sociedade tem o DEVER "de ver" a MULHER como tal, não só hoje, mas todos os dias..sou mulher ontem, sou mulher hoje, sou mulher amanhã..

e porquê então lembrar-me que sou Mulher no dia 8 de Março de todos os anos se sou MULHER todos os dias?..sou antes de ser mulher, um Ser Humano, tal como o homem, ser humano necessário à sociedade e aos outros!e necessário de IGUAL forma! mas se hoje sou tudo isso, certamente que outras mulheres não o foram, em outros tempos, pelas desigualdades existentes entre estes dois seres (Mulher e Homem), desigualdades essas que, e como tu dizes,ainda se tendem a reflectir em "pequeníssimos grandes aspectos" do dia-a-dia e que tu tão bem explicitaste.Não fará então sentido a comemoração deste dia para tantas outras MULHERES reflectirem sobre NÓS?..quem sabe...

beijo Cláudia Sofia

donalda disse...

Linda homenagem às mulheres. Infelizmente é verdade que ainda é preciso um dia internacional da mulher. Basta vermos como são tratadas em alguns países... são amputadas, são delapidadas até à morte, não têem direito a voto...etc...etc...Isso faz com que ainda continue a ser necessário lutar para que todos os cidadãos sejam livres e iguais em direitos como diz a Declaração Universal dos Direitos Humanso!

Anônimo disse...

[url=http://onlinecasinose25.com ]casino online [/url]has passed!" http://onlinecasinose25.com online casino keno games online casino bonus justifier Tallien. Cette lettre fit peu d'effet, car Tallien, depuis