quinta-feira, 8 de março de 2007

A propósito da eleição do maior português...

Uma luz ao fundo do túnel foi como viu a minha geração a chegada "demasiado lenta" da democracia em Portugal. Vem isto a propósito da eleição do maior português da históriadeste pequeno mais já bastante idoso país.
Confesso que aquando da divulgação dos 10 mais votados pelos meus distintos concidadãos, me senti indignada pelo facto de nesse número se incluir o nome de António de Oliveira Salazar. Ainda por cima ele vinha acompanhado de alguns outros nomes que suponho estarão nesta altura a "dar voltas nas respectivas moradas eternas" por estarem em tão indigna companhia. Não desminto, nem sequer nego, que este senhor fez parte da nossa história. Não nego também que na altura em que na altura em que subiu ao poder teria feito por Portugal o que eventualmente era necessário ( não estava cá nessa altura e portanto, apesar de conhecer a história, não posso negar. Mas também não juro...). No entanto e como a memória é curta atrevo-me aqui a lembrar alguns "feitos" desse tão "estimado senhor" ao longo dos 40 anos que se manteve no governo deste cantinho de terra a que chamamos o nosso país:
  • criação de uma polícia política que detinha e torturava os cidadãos que exprimiam uma opinião diferente da dele;
  • criação da censura prévia ou seja a comunicação social não podia, como hoje o faz, publicar qualquer notícia sem que a mesma fosse antes analisada pelos célebres "senhores do lápis azul";
  • criação de campos de concentração como é exemplo o Tarrafal situado na ex colónia da Cabo Verde;
  • o envio para o exílio de todos os opositores ao regime que não estavam presos;
  • o isolamento total do resto do mundo. Há uma frase célebre dele "Estamos orgulhosamente sós"que serve de exemplo disto mesmo.
  • a manutenção do colonialismo e de uma guerra contra as populações das ex colónias;
  • eleições com lista única porque não eram permitidos outros partidos políticos além daquele que apoiava o regime.

Enfim poderia estar aqui a noite toda a escrever coisas, mas este post já vai longo!

Deixo apenas uma pergunta: ACHAM MESMO QUE UM HOMEM ASSIM PODE SER CONSIDERADO UM GRANDE PORTUGUÊS?

Eu acho que não! Por favor não me envergonhem de ser Portuguesa!

Um comentário:

Tertulianos disse...

Eu também não! Um grande português é, para mim, alguém que personifica o que há de melhor no SER HUMANO. Esta minha posição deve-se, talvez ao grande valor que dou à reflexão ética da vida. Mas mesmo em termos económicos e de desenvolvimento, só um cego (e a expressão é infeliz porque os cegos também vêem - fazem-no é de outras formas!) é que não vê que, ainda hoje, grande parte do bucólico provincianismo português e dos problemas daí decorrentes, se devem ao perto de meio século que o Sr. Dr. Salazar governou, vivo ou a partir da tumba, o nosso país.