sábado, 31 de março de 2007

Giuseppe Verdi: MESSA DA REQUIEM. CCB, 30 de Março de 2007

Já que, depois do maravilhoso concerto ao qual assisti ontem no Centro Cultural de Belém (CCB), não encontro, hoje, na comunicação social qualquer referência ao mesmo, venho, desta feita, aventurar-me no processo de análise daquilo que ouvi e vi, aliás, em excelente companhia.

Importa ressalvar que este texto não se constituirá como uma crítica musicológica científica, exacta e absolutamente fidedigna. Trata-se, sim, do meu sentir, enquanto ouvinte deste tipo de música, sem conhecimento teórico, apenas alguém que gosta de música e que tem um ouvido ainda muito inexperiente.

Comecemos por apresentar os intérpretes:

Soprano: Dimitra Theodossiou

Meio-Soprano: Gloria Scalchi

Tenor: Fabio Sartori

Baixo: Maurizio Muraro

Coro do Teatro Nacional de São Carlos, sob a direcção do maestro titular Giovanni Andreoli

Coral Lisboa Cantat, sob a direcção do maestro titular Jorge Carvalho Alves

Orquestra Sinfónica Portuguesa

Direcção Musical do maestro Donato Renzetti.

Do ponto de vista geral, tratou-se de uma interpretação muito equilibrada no que concerne às dinâmicas, tempo e cores.

Destacar o início do Introitus, com um arrepiante pianissimo pelas cordas e uma coordenação entre todos os executantes (característica, aliás de toda a interpretação). Uma harmonia sonora reveladora de uma maturidade musical característica de uma orquestra experiente e que recebo com grande alegria. Já no Dies Irae, bem como no Tuba Mirum, de destacar a força de uma secção de metais e percussão, mais uma vez muito coerente com a prestação, em fortíssimo dos Coros. Pianos súbitos fantásticos (mérito, também, da brilhante condução de Donato Renzetti) a introduzirem o Baixo Maurizio Muraro que cumpriu com as obrigações da partitura, sem no entanto, e na minha opinião, se destacar. Quanto ao Liber Scriptus proferetur (para mim, a grande prova da meio-soprano ao longo de toda a obra) foi interpretado por Gloria Scalchi com aparentes dificuldades de projecção da voz, resultado, quiçá de uma má adaptação à acústica da sala, ou a uma voz que me pareceu pouco cheia no registo grave e que, por isso, se dissolvia no meio dos vários mezzo-forte e fortissimi da orquestra ao longo de toda a obra. Pena que tenha sentido a necessidade de prescindir dos vibrati, em passagens de registo agudo forte. Para Verdi são imprescindíveis cantoras com timbres mais escuros e redondos, naturalmente, com um registo médio e grave bem sustentados.

Quanto ao Ingemisco, Fabio Sartori interpretou-o com facilidade e boa projecção vocal. Obviamente que o meu ouvido, habituado a ouvir o Requiem em disco e, como tal, através de vozes como as de Pavarotti, di Stefano, entre outros, sente falta de timbres com mais cores e beleza. No entanto, Sartori desempenhou as suas passagens com honestidade e facilidade, mesmo no registo mais agudo e piano.

Gostava, agora, de fazer referência a Dimitra Theodossiou, soprano que temos a felicidade de receber, muitas vezes ao longo da temporada, em São Carlos. Referi atrás que Verdi carecia de vozes escuras e redondas. Este soprano tem, de facto, essas qualidades. Confesso, todavia que me assustei um pouco ao ouvi-la e, depois de reler o seu repertório habitual ainda fiquei mais assustado. A voz tem vindo a ganhar peso e a escurecer, ao mesmo tempo que, na minha opinião (repito: que é falível) ganha um certo descontrolo sobre o vibrato que imprime, nomeadamente, aos agudos, gerando-lhe algumas dificuldades na acuidade da afinação em momentos em que a claridade da nota, mais uma vez em agudo pianissimo, é essencial (refiro-me, mais especificamente ao Libera me). À parte destes pormenores, trata-se de uma timbre muito belo, provavelmente o mais belo dos quatro cantores que se nos apresentaram ontem à noite (se é que é legítimo comparar timbres de tessituras distintas).

Creio, à parte de tudo isto, que as grandes estrelas da noite foram a nossa Sinfónica e os coros e, sobretudo, o maestro. Destaca-se a qualidade dos metais e dos excelentes percussionistas, assim como a doçura das cordas, em especial o concertino, que, na sua curta prestação em solo, já fez valer a noite. É com regozijo e grande orgulho que verifico a excelência da execução da nossa principal orquestra nacional, assim como os dois Coros, ambos conduzidos pela batuta de Renzetti que, nas várias vezes que o escutei em São Carlos nunca me desiludiu. Muito positiva a decisão de o termos como Primeiro Maestro Convidado no Teatro Nacional de São Carlos...prenúncio de muito sucesso e desenvolvimento musical.

Resta-me agradecer à companhia que me (passo o pleonasmo) acompanhou e que espero ter apreciado o momento tanto ou mais do que eu...foi importante.

Que se repita!

Interpretações recomendadas:

CDs:

DVDs:

  • Angela GHEORGHIU; Daniela BARCELLONA; Roberto ALAGNA; Julian KONSTANTINOV; Swedish Radio Chorus; Eric Ericsson Chamber Choir; Orfeón Donostiarra; Berliner Philharmoniker; CLAUDIO ABBADO
  • Leontyne PRICE; Fiorenza COSSOTTO; Luciano PAVAROTTI; Nicolai GHIAUROV; Coro del Teatro alla Scala; Orchestra del Teatro alla Scala; HERBERT VON KARAJAN
  • Anna TOMOWA-SINTOW; Agnes BALTSA; Jose CARRERAS; Jose VAN DAM; Wiener Staatsopernchor; Wiener Philharmoniker; HERBERT VON KARAJAN

segunda-feira, 26 de março de 2007

Protesto...

EU PROTESTO!
Não deixem morrer as boas memórias... o tempo em que fomos unidos porque acreditávamos: aí eramos fortes. A pobreza dum povo vê-se na incapacidade de lidar com o seu desespero...Por favor não desistam....
Bem-haja aos que não o fazem...

COMO?!


Alguém é capaz de me explicar como é que esta "besta" representa o que de "MAIOR" há em ser PORTUGUÊS?


Na minha opinião, ele não foi o MAIOR PORTUGUÊS de todos os tempos, mas talvez tenha sido das MAIORES BESTAS que este país já criou...tenho medo que qualquer dia apareça outro como ele...


Já agora... vou começando a montar a lista dos MAIORES EUROPEUS possíveis, para quando se der a eleição a um nível continental... quanto ao MAIOR MUNDIAL também existem uns quantos... se precisarem também se arranjam as fotos deles...

P.S.: Desculpem o nível das minhas palavras mas não podia deixar passar este momento triste da nossa vida colectiva.

Para os que votaram nele e, assim, desonraram e desrespeitaram todos os que têm vindo, ao longo da história da Humanidade, a lutar contra o despotismo ditatorial e a defender os Direitos Humanos, leiam o texto de 8 de Março da Tertúlia "A propósito da eleição do maior português..."... pode ser que tomem consciência daquilo que fizeram (por uma vez na vida!!!).

quinta-feira, 22 de março de 2007

Raízes

A vida é mesmo assim: vamos ganhando mais raízes, folhas, flores (22) e finalmente frutos...Felizmente vou ganhando raízes com os melhores.
"Macieira I"
Gustav Klimt
Paulo, porque o nome revela bom gosto (amante equestre) , é apelido de campeão, brilha reluzentemente, o nosso Gasparzinho está de parabéns!

Fecho os olhos e adormeço...

"Sabes meu pai às vezes doí não te ter tão perto, não sentir a tua presença, não te ter junto a mim. Mas quando voltas enches-me o peito de alegria, fazes-me companhia, e não me deixas esquecer como o mundo é bom. Vejo os teus olhos já cansados, duma vida tão esgotada mas a tua mão meio calejada ainda tem o mesmo dom do toque firme e meigo que não encontro em mais ninguém.
É nos dias que não te vejo, nas horas que ganho a contar os minutos para te ver que penso no mundo e no que ele me tem para oferecer: eis que tu chegas revolucionas tudo e mostras-me que mais importante é o que eu posso dar.
Suspiro. É na brisa do mar que te oiço voltar. No nascer do sol. No vento da primavera. Na água deste rio que houve os meus lamúrios e se torna salgado com as lágrimas que caem do meu rosto. E são tantas, às vezes.
Quero-te aqui para sempre. Só tu, e aquela musa que teve o poder de te encantar e depois de me conceber, me acolhem sem questionar, sem cobrar, sem eu pedir, mas com muito amor."

Já veio tarde mas é sentido: para todos os pais que não se limitam a ter o título mas que fazem por merecê-lo. O meu bem haja.

segunda-feira, 12 de março de 2007

Parabéns ESEMFR...até sempre!


PARABÉNS À NOSSA ESCOLA...

... que amanhã faz anos. Obrigado a todos por tudo! Bons e maus momentos contribuíram para que todos crescessemos...e conseguimos! Espaço que foi casa durante quatro anos, espaço onde fomos, somos e seremos família...enquanto houver Resendeiros!
A todos os que contribuíram para aquilo que somos hoje um enorme abraço e fica o voto para que a nova Escola Superior de Enfermagem de Lisboa siga os passos da nossa pequenina mas, ao mesmo tempo, enorme
Escola Superior de Enfermagem Maria Fernanda Resende.

Um abraço a todos os amigos que criámos ao longo destes anos e um abraço especial a todos os membros da Tertúlia que, unidos pela amizade, perdurarão, para sempre na nossa memória.

Fernando Pessoa...um grande português.


Há uns meses recebi de um amigo este email, que agora partilho convosco. Este texto foi escrito por Fernando Pessoa, um grande escritor português, de que devemos orgulhar-nos.


"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não esqueço que a minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-se um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus em cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um não. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que seja injusta.


Pedras no caminho? Guardo-as todas! Um dia vou construir um castelo"


Até amanhã na nossa festa. Agradeçamos porque ainda temos oportunidade de festejar o último Dia da Escola Maria Fernanda Resende.



domingo, 11 de março de 2007

Parabéns a Lord Baden-Powell...velhinho mas presente.


Não sou nem escuteiro nem escoteiro, mas conheço quem o seja, gente que me falou, com imenso carinho e admiração da figura que foi e é Baden-Powell. Pelo exemplo moral e ético que ele representa, aqui fica a homenagem da Tertúlia a um grande CIDADÃO: BADEN-POWELL, fundador, há 100 anos atrás, do maior movimento cívico do mundo.
Para quem quer saber mais, pode ler o texto anterior.

Um grande amigo e companheiro...


Gostava hoje de vos falar de "um grande AMIGO" meu. Nasceu há 150 anos e fundou o Movimento escutista há 100. Perguntarão vocês: qual a importância de falar deste movimento? A quem é que isto interessa? Pois então se não estiverem com vontade de ler sobre isto, passem à frente!. Achei interessante falar sobre este assunto, pois 100 anos de história é muito ano, e com certeza que será curioso conhecer alguma coisa sobre este tema. Estima-se que ao longo de um século tenham passado pelas fileiras deste movimento mais de 500 milhões de crianças, jovens e adultos. Actualmente somos 28 milhões de membros espalhados por 216 países do mundo. Segundo Frederico Mayor - Director Geral da UNESCO (1995) o escutismo "constitui uma das maiores redes multiculturais e multiconfessionais para a educação e para a acção dos jovens no desenvolvimento da paz, da tolerância e da solidariedade.Com esta dimensão é com toda a certeza um movimento que de alguma forma nos desperta curiosidade...ou não?
Baden-Powell, ou BP como lhe chamam carinhosamente os escuteiros/escoteiros, era um Lorde inglês, militar de carreira, que no fim da sua vida profissional resolveu dedicar o seu tempo a um movimento de educação de jovens: inicialmente só para rapazes mas dois anos depois também para raparigas. Passo-lhe a palavra. "Um escuteiro genuíno é tido pelos outros rapazes e pelos adultos por pessoa em quem se pode confiar, pessoa que não deixará de cumprir o seu dever...pessoa que se mostra alegre e bem disposta, por maiores que sejam as dificuldades que se lhe deparam".
Na sua última mensagem, escrita algum tempo antes de morrer com 84 anos, deixou-nos palavras muito sábias:
" Contentai-vos com o que tendes e tirai dele o melhor proveito que puderdes. Vede sempre o lado melhor das coisas e não o pior.
Mas o melhor meio para alcançar a felicidade é contribuir para a felicidade dos outros. Procurai deixar o mundo um pouco melhor de que o encontrastes e, quando vos chegar a vez de morrer, podeis morrer felizes sentindo que ao menos não desperdiçastes o tempo e fizestes todo o possível para praticar o bem."
Digam lá se não vale a pena ser fã de BP.

sábado, 10 de março de 2007

Super Bock Bruno Referendo

Porque também a super bock reconheceu a apatia portuguesa. Porque se indignou com isso e criou sabores novos.
Porque a cerveja sem álcool é mais pedagógica. Porque há escolas que têm coragem de a ter no bar e principalmente porque eu gosto de pessego e quero convidar todos a brindar a este blog que me deixa cada vez mais feliz pareceu-me que a Super Bock seria quase perfeita. (e não tenho comissão)

A mensagem é o que importa. Na hora da verdade nínguem lá está, poucos se indignam, poucos protestam. Um mundo quase perfeito. Falta o quase...
Estamos a tentar fazê-lo.
Bem-haja a todos.
By Dininha

sexta-feira, 9 de março de 2007

"É Norma!"


Caros amigos, devo dizer que não fui dotada de grande jeito para “bem escrever”, ou antes, para escrever de uma forma bonita!, mesmo assim, ouso partilhar convosco algumas coisas que me inquietaram hoje... e porque acho que, antes de bem escrever, devo ousar e criar, e porque acho que há que ser criativa! (homenageando o meu outro amigo! =p o criativo! (Dário))... aqui vai!...

Hoje vi tanta coisa... umas boas... outras menos boas... e outras mesmo más... mas vi! Não só vi como também observei... e por isso ouso estar aqui a escrever...

Vi pessoas a rir alto...

Vi outras a se acomodar...

Vi crianças a saltar, correr, brincar...

Vi alguém a gritar e a reclamar...

Vi outro alguém a chorar discretamente, mas não o suficientemente discreto para que eu não reparasse...

E vi ainda outro alguém “quase” a abandonar a vida, ou se preferirem...a morrer...

Vi tanta tanta coisa... mas tanta coisa... que me é quase impossível descrever aqui e através de palavras... há coisas que só se sentem! Houve ainda outras coisas que eventualmente não vi... e outras que gostaria de não ter visto... MAS VI!

Como típica portuguesa... vou começar por aquilo que vi e que não gostaria de ter visto! Se bem que se não tivesse visto, não me estaria a questionar... enfim... algumas incongruências do meu pensamento... (ou não!) mas que faz parte...

Ía eu com a minha caríssima amiga Sofia rumo ao “nosso” Hospital São Francisco Xavier... para mais umas horas de observação de relações... quando, e por engano, em Algés, apanhámos a camioneta certa mas com o sentido para Belém, contrário ao que desejávamos... (estão neste momento a pensar, aqueles que me conhecem, nomeadamente o Gasparzinho e “o criativo”:“é normal Cláudia Sofia...tens sentido de orientação quase nulo!”lol)... chegando a Belém (e já nos tendo questionado, pelo caminho, que eventualmente estaríamos erradas..) permanecemos dentro da camioneta enquanto toda a gente saía... o condutor muito prontamente disse: “esta é a ultima paragem!” (aos “berros” do inicio da camioneta, estando nós na ultima filinha). Explicámos ao senhor, que nos tínhamos enganado e que iríamos continuar naquela camioneta para realizarmos o percurso inverso (que eram apenas três paragens!)... ao que o Sr. Motorista responde (e ainda aos “berros” e de lá da frente): “mas as meninas têm que sair e voltar a entrar...”. assim o fizemos pensando nós que a camioneta iria ficar “parada”, a “cumprir horário de espera”... mas NÃO! Lol saímos da camioneta às 15h 39min 16seg e (re) entrámos às 15h 39min 40seg! obviamente que entrámos e esboçámos um sorriso irónico!! Ao que o Sr. Motorista respondeu: “É norma do sistema!! As pessoas têm que sair na última paragem!
...e eu pergunto-me: será que este homem, eventualmente trabalhador há já tantos anos (pelo seu aspecto físico..), se questionou do porquê dessa norma? Lol Será que essa norma faz sentido neste caso em que já tínhamos mostrado o “titulo de transporte” (Gasparzinho, 2007), quando entrámos em Algés, e a camioneta não iria ficar parada a cumprir horário de espera? Pois é... MAS É NORMA!

Meus amigos...”reparem” (Rosa, 2007)... eu faço um apelo à vossa capacidade crítica...não se acomodem à norma... à regra... ao protocolo... aos facilitismos da vida... QUESTIONEM-SE! PENSEM! INDIGNEM-SE! RECLAMEM! MAS NÃO FIQUEM “PARALISADOS”... DETESTO A APATIA E A ACOMODAÇÃO! DESTESTEM TAMBÉM VOCÊS!! E NÃO ME DIGAM, SEM SER BEM FUNDAMENTADO, “É NORMA DO SISTEMA!”... é norma... mas depois arriscam-se a cair na incongruência... ao não cumprirem com a “norma” do código da estrada (como esse Sr. Motorista) ao não parar na passadeira para uma pessoa atravessar! Sr. MOTORISTA...onde é que pára a norma?????SEJA CRÍTICO!! INDAGUE E SEJA FELIZ!

Beijo Cláudia Sofia



quinta-feira, 8 de março de 2007

Vinte e um anos depois do início da discussão em parlamento, as mulheres podem, finalmente, escolher!


Hoje é dia da Mulher.

Já perguntei a várias mulheres se gostam da ideia de terem um dia específico para o seu género. Apenas uma me respondeu que sim e justificou-o: "Sim, enquanto o dia for preciso!". Pessoalmente, a minha posição habitual face a eventos como este não é muito confortável, da mesma forma que não convivo bem com a ideia de existirem "quotas" de deputados ao parlamento. As minhas razões prendem-se com o facto de eu crer que um lugar só deve ser preenchido por alguém eleito por provas dadas em termos de competência durante o exercício das suas funções.
Contudo, a resposta daquela Mulher ecoou na minha cabeça: "...enquanto for preciso".
Sou demasiado novo e inexperiente para perceber o que é que ela queria dizer com isto. Não tenho nenhuma experiência profissional, sempre fui "filhinho dos papás" e não posso dizer que tenha tido que lutar seja pelo que for. Não sou um conformado, mas, de facto, pertenço a uma geração privilegiada. Sempre tive liberdade, os meus pais sempre tiveram um (bom) emprego e sempre procuraram satisfazer os meus caprichos. Sou-lhes agradecido por isso. Isto tem, todavia, um revés e repito-o: nunca tive que lutar por nada. Para além dos aspectos materiais, os meus pais sempre tiveram uma mente muito aberta. Sempre estiveram cientes daquilo que fizeram quando tinham a minha idade e, por isso, dão-me confiança para sair à vontade com os meus amigos sempre que eu quiser. Também é verdade que eu "sou de confiança". As minhas loucuras não são nem muitas, nem muito loucas (passo o pleonasmo).
Qual é a minha reflexão disto que vos escrevi?
De facto, os meus pais têm uma mente muito aberta e acham importante que eu saia de casa e esteja com os meus amigos. Não posso, de todo em todo, deixar de olhar para os exemplos de algumas colegas minhas, cujos pais não as deixam sair de casa com a mesma facilidade dos meus. Claro que as ruas são perigosas, não obstante parece-me que se elas fossem rapazes as coisas seriam, talvez, mais fáceis...
Este é, à escala da realidade dos jovens de hoje em dia, um dos exemplos da diferenciação que constato existir no tratamento das pessoas entre rapazes e raparigas.
Um segundo problema passa-se dentro da profissão que, dentro de alguns meses, será a minha: Enfermagem. É uma profissão, cuja origem se encontra em cuidados prestados por mulheres e que, na minha, ainda, incipiente visão, só se têm vindo a "prejudicar" sempre que os homens se metem "ao barulho". Não que não tenham havido grandes enfermeiros homens ou (permitam-me que corrija - façamos jus às fundadoras) "enfermeiras" homens (mesmo que isto vá contra as regras da língua portuguesa - as enfermeiras não se dão bem com regras que não sirvam os seres humanos por não serem pensadas!) - o meu avô foi um deles! Todavia, correntes paternalistas, normalmente encabeçadas pelo poderio masculino, têm vindo, positivamente, a agrilhoar, ao longo dos vários séculos de Ciência, a nobreza e o que há de mais telúrico desta profissão e arte...e ciência! Os seus utentes continuam, amiúde, a tratá-las utilizando a expressão "Menina" ao passo que a mim, ainda que eu os esclareça nesse exacto momento da minha condição de Estudante, não têm nenhum pejo em utilizar "Sr. Enfermeiro" ou, por vezes, um pomposo "Sr. Dr." (quando, em vez da farda, envergo a bata branca). Não me interpretem mal, mas a importância do "Sra. Enfermeira" consubstancia o reconhecimento devido a Um Ser Humano que presta cuidados e que desenvolve actividades que não têm género e que são resultado, neste momento de, pelo menos quatro anos de formação superior, com conhecimentos traduzidos em competências, fundamentados em princípios científicos, tão válidos como os da Física ou da Matemática ou da Medicina. A "Sra. Enfermeira" não é simpática, não é querida, não é amorosa, não é uma Menina...é uma Profissional, cuja simpatia, empatia, afecto, humor (entre outras competências/dimensões relacionais) são a tradução daquilo que consubstancia a sua principal técnica: a Relação Interpessoal.
Para mim, a Mulher não é a árvore, não é o fruto, não é a semente...ela é todo o Planeta! Ela é os grãos da própria terra que agarro no campo, a água do mar e do rio. A Mulher é o firmamento...o cosmos. É dela que tudo nasce...é do planeta que tudo nasce...da terra. Ela é a origem.
Hoje é Dia Internacional da Mulher. Hoje a Mulher libertou-se, em Portugal, de mais uma algema do poderio masculino. A partir de hoje a Mulher pode escolher interromper a gravidez que NÃO PODE prosseguir, mas que, acredito, NÃO QUERER interromper.
Esta é a minha forma de homenagear a Mulher, num dia que eu gostaria, no próximo ano, já não ser preciso.
P.S.: BEM-VINDA STEPH.

A propósito da eleição do maior português...

Uma luz ao fundo do túnel foi como viu a minha geração a chegada "demasiado lenta" da democracia em Portugal. Vem isto a propósito da eleição do maior português da históriadeste pequeno mais já bastante idoso país.
Confesso que aquando da divulgação dos 10 mais votados pelos meus distintos concidadãos, me senti indignada pelo facto de nesse número se incluir o nome de António de Oliveira Salazar. Ainda por cima ele vinha acompanhado de alguns outros nomes que suponho estarão nesta altura a "dar voltas nas respectivas moradas eternas" por estarem em tão indigna companhia. Não desminto, nem sequer nego, que este senhor fez parte da nossa história. Não nego também que na altura em que na altura em que subiu ao poder teria feito por Portugal o que eventualmente era necessário ( não estava cá nessa altura e portanto, apesar de conhecer a história, não posso negar. Mas também não juro...). No entanto e como a memória é curta atrevo-me aqui a lembrar alguns "feitos" desse tão "estimado senhor" ao longo dos 40 anos que se manteve no governo deste cantinho de terra a que chamamos o nosso país:
  • criação de uma polícia política que detinha e torturava os cidadãos que exprimiam uma opinião diferente da dele;
  • criação da censura prévia ou seja a comunicação social não podia, como hoje o faz, publicar qualquer notícia sem que a mesma fosse antes analisada pelos célebres "senhores do lápis azul";
  • criação de campos de concentração como é exemplo o Tarrafal situado na ex colónia da Cabo Verde;
  • o envio para o exílio de todos os opositores ao regime que não estavam presos;
  • o isolamento total do resto do mundo. Há uma frase célebre dele "Estamos orgulhosamente sós"que serve de exemplo disto mesmo.
  • a manutenção do colonialismo e de uma guerra contra as populações das ex colónias;
  • eleições com lista única porque não eram permitidos outros partidos políticos além daquele que apoiava o regime.

Enfim poderia estar aqui a noite toda a escrever coisas, mas este post já vai longo!

Deixo apenas uma pergunta: ACHAM MESMO QUE UM HOMEM ASSIM PODE SER CONSIDERADO UM GRANDE PORTUGUÊS?

Eu acho que não! Por favor não me envergonhem de ser Portuguesa!

quarta-feira, 7 de março de 2007

A máscara da Democracia...



Quantas vezes pensamos em tornar o mundo melhor?
Quantas vezes, expressando o que sentimos, nos vemos confrontados com a dura realidade, onde as sugestões não são aceites, onde a democracia é pura fachada?
Somos aliciados a criticar as incorrecções que existem, sem contudo nos ser dada a oportunidade de as revelar...devemos criticar em silêncio...
Socialmente tornamo-nos em críticos que se acomodam à vida...que vão reclamando...mas que face às situações, "reduzem-se" ao silêncio... mais vale deixar-se levar pela corrente, do que lutar contra ela...
Pois bem, há quem goste de optar por esta forma de viver, contudo outros como eu, continuam a reger-se pelos seus valores, pelas suas filosofias de vida, e preferem lutar contra a corrente, do que viver calmamente no mar da hipocrisia.
Aqui vos deixo um poema, um pensamento, que escrevi quando tinha 15 anos, mas que retrata o que venho de referir:

O dia-a-dia

No dia a dia
Vivemos no mundo da agonia.
Vemos sem ver,
vivemos sem viver,
acomodados a este mundo
sem protestar,
até parecemos mudos,
mudos destinados a acabar,
sem sequer algo aprender,
para um dia reviver,
e algo poder ensinar,
para um dia alguém alegrar.
Deixamos de sonhar,
de sonhar com algo melhor...
Deixamos de pensar,
de pensar sobre o nosso redor...

E assim, em jeito de conclusão, não nos devemos esquecer que as diferentes opiniões, os diferentes pontos de vista, implementam mudanças que podem ser deveras construtivas...e que podem melhorar o que já existe...
Pior do que tentar mudar e correr mal...é mesmo ficar parado a olhar para o vazio...

um beijo
Steph

Yann Tiersen - La valse d'Amelie

Porque há coisas que devemos ver, mas só senti-las é muito bom.
Para todos os que não puderam ir assitir ao vivo, aqui fica.
By Dininha

terça-feira, 6 de março de 2007

De faca e alguidar...


A nossa sociedade é de facto uma pérola peculiar que merece respeito e admiração. Sublinho de facto a última parte, e já irão perceber porquê.
Todos nós reconhecemos a estratificação sinuosa a que a nossa sociedade se habituou. Classes médias, altas e baixas, que dentro de si são baixas baixas, altas médias, médias altas etc, isto numa linguagem corriqueira (também para fazer chicória não penso que seja relevante aprofundar essas questões, há que dar ao leitor liberdade para procurar informação séria sobre o assunto).
Pois aqui há coisa de uns dias surpreendo-me com a frase de que "esta gente (de uma casta superior, estudados até...) gosta de ver isso num alguidar!" tendo em conta que o «isso» era um produto alimentar, o espanto quanto à falta de assépsia assolou-me.
Para mim é nestes pequenos pormenores que se vê a "finesse" de cada um, se é que de facto isso existe... a relação entre o que é típico e cultural, e por isso muito apreciado pelos da média alta, alta baixa, etc, e a falta de higiene é muito ténue. Se for apresentado num restaurante, ai do Sr. empregado que não traga o pano branco no braço bem passado e impecavelmente pousado, mas se for na tasquinha do Sr. Manuel venham lás as moelas com iscas e vinho, num prato com dois milimetros de gordura e os copos lavados, aprumadamente (ou não), pela mão que fritou o referido petisco.
Perdoem-me o exagero, mas o ridículo desta situação de facto propõe-se a este tipo de caricatura: não gosto de algo higiénico porque não é típico, ou o típico se for higiénico perde a sua tipicalidade.
De facto são altos para umas coisas baixos para outras. Mas não o serão também humildes? talvez sim...é pena que só o sejam na tasquinha!
Este tem dedicatória especial...
...para o gang do tacho!

O pequeno mundo de São Carlos - I: A Velha



No outro dia tive mais uma matinee em São Carlos. Fui assistir à minha segunda récita do Il Barbiere di Siviglia ('tava fraquito!). Como sempre dirigi-me ao meu lugar ao lado do qual já se encontrava a minha companheira de camarote: uma senhora de perto de 80 anos, com o cabelo já todo branco, mas rija e tagarela até mais não.
Queria partilhar esta situação porque foi das mais caricatas da minha vida. Ora, como estava a dizer, sentei-me no meu lugar, cumprimentei a senhora como é costume e pús-me a ler o livrito que se compra à entrada do Teatro e onde estão as falas e os textos sobre a representação desse dia. A Velha (para não variar!) mete conversa. Eu até a acho simpática e, coitada, até temos conversado. Contudo, desta vez foi diferente. A mulher devia estar com os azeites, um copo a mais, ou, se calhar, tinha dormido com os pés de fora nessa noite. O que é certo é que, nesse dia, deu-lhe para comentar e criticar as vestimentas dos convivas dos camarotes em frente. Divertiu-se a bradar que "devia ser proibido vestir-se daquela forma" e que "a ópera não é para qualquer copeira" até, finalmente (e graças a Deus) as luzes se apagarem e o raio do maestro ("em mangas de camisa" segundo a velha - sim, porque até o vestuário do pobre homem ela cometou!) entrar no fosso da orquestra e iniciar bendito primeiro acto. Desde que cheguei até que os músicos começaram a tocar e os cantores a "berrar" a velha discorreu alarvidades acerca do número de apartamentos que tem em Lisboa e Vila Real de Santo António e do sem número de viagens que faz (porque o genro é piloto-aviador da TAP) à Amazónia e a Las Vegas. O que é certo é que a Velha, cada vez que lá vou, faz questão de dizer que, este ano, faz 80 anos e que acha que, por isso mesmo, tem o direito de dizer seja o que for! Chegou ao cúmulo de dizer "Sempre fui rica" e eu, cada vez mais encolhido só pensava "SEMPRE JULGUEI QUE FALAR DE DINHEIRO DESTA FORMA ERA FALTA DE EDUCAÇÃO" ao mesmo tempo que pedia ao DIVINO para que a mulher não reparasse nos borbotos do meu velhinho blaiser castanho. Quanto ao casaco acho que não tenho de me preocupar porque a Velha é mesmo velha e os 80 anos já hão-de lhe ter diminuido a aquidade visual.
Nisto tudo fico a pensar se a bendita Velha pensa que eu sou rico. Nunca fiz por parecê-lo. Cada vez que entro naquele camarote mentalizo-me de que tenho de falar o menos possível já que a Velha (viúva e, pelos vistos, rica - já me contou a sua vida toda!) precisa de espaço para falar. Por isso, limito-me, a maior parte daz vezes, a acenar com a cabeça e a sorrir, ou então, a meter a cabeça no tal livrito para ver se a Velha se cála e não diz tanta barbaridade.
Um dia destes, quando for eu quem vai à ópera com "os azeites" coloco-lhe a fulcral questão: "Mas você vai à ópera para dizer mal dos outros e dizer que é rica ou para ouvir música????!!!!!".
Onde é que este mundo vai parar? Espero que os ricos deste nosso país não sejam todos assim.
A velha (justiça lhe seja feita) também faz questão de repetir que, "embora seja PSD" tem grandes amigos comunistas e que os considera óptimas pessoas!lolololol Deve dizer isto para se
desculpar (não é o suficiente, infelizmente) ou então com medo que eu seja comuna (se calhar viu mesmo os borbotos no casaco.lolololol).

Este texto conta mais um absurdo quotidiano cujo análise mais profunda me faz lembrar um livro que estou a ler e que aconselho a todos vós...e à Velha. Cito Herman Hesse (2005):
«Era o Eu, cujo sentido e natureza eu queria conhecer. Era o Eu, de que eu queria libertar-me, que eu queria vencer. Mas não fui capaz de vencer, apenas de o enganar, de fugir dele, esconder-me dele. Na verdade, nada no mundo ocupou tanto os meus pensamentos como este Eu, este enigma, o facto de eu estar vivo, de existir separado e isolado dos outros, se ser Siddhartha! E sobre nada do mundo sei tão pouco como sobre mim próprio, sobre Siddhartha!...» (HESSE, 2005:46).

«Por vezes, sentia no fundo do seu peito uma voz quase inaudível, que o admoestava baixinho, que se lamentava baixinho, de tal maneira que ele quase não a ouvia. Então, tomava consciência momentânea da vida estranha que levava, daquelas coisas que não passavam de um jogo, da sua boa disposição e alegria enquanto a verdadeira vida passava ao seu lado sem lhe tocar.» (HESSE, 2005:76).

No meu ponto de vista, este episódio traduz as futilidades que, muitas vezes, valorizamos, de uma forma frívola, na nossa vida. Não percamos tempo com isso, é o meu conselho.


Fiquem Bem

HESSE, Hermann - Siddhartha: um poema indiano. 10ª ed. Cruz Quebrada: Casa das Letras/Editorial Notícias, 2005. ISBN 972-46-0918-9

Nota: Escrevi este texto em 2006, mas não resisti em partilhá-lo convosco aqui na Tertúlia. Entretanto já voltei a São Carlos, mas há duas ou três récitas que a velha não aparece...terá morrido? Fica a dúvida...

Já agora: BEM-VINDA DONALDA!

Parece que consegui cá chegar...


Depois de muitos esforços informáticos consegui finalmente registar-me como membro deste blog.
Fiquei contente com o vosso convite e também pelo facto de ter, de alguma forma,contribuído para a sua criação.
Não prometo escrever muitas vezes mas visitá-lo-ei com muita frequência...prometo.


Donalda

segunda-feira, 5 de março de 2007

Mais dois...ou duas...

Passou apenas um dia desde fundação da Tertúlia e já fizemos mais duas aquisições de peso...Não tarda e teremos contribuições de mais dois tertulianos, para além da Dina e do Gasparzinho.

Que sejam ambos bem vindos!

Estejam atentos.

Um abraço.

domingo, 4 de março de 2007

Vincent van Gogh



Há, realmente, pessoas a quem devemos agradecer a sua visão do mundo, o grosso traço da sua realidade que, afinal, se torna tão pormenorizado, tão intenso, tão sincero...a beleza e a rudeza num só momento...Eis a genialidade a que o Ser Humano deve aspirar.

Gasparzinho

A impotência das duas da manhã!

"Passa das duas da manhã. Acendo a luz. Bebo água. Apago a luz. Abro os olhos na escuridão que me envolve. Fecho a luz do meu coração". (24/3/1949)

Dia sim dia não, faço este movimento. Nos dias não, é só porque estou muito cansada para tal. O fecho do coração já não se repete. Mantém-se. Já lá vão muitos anos e o meu diário já não faz sentido. A não ser a monotonia da minha vida. É por isto que eu nunca gostei de diários. Bem tinha razão quando rasguei as poucas folhas que rabisquei sobre o que senti. Que importância tinha hoje isso para os meus cabelos brancos? Armagura. Confirmação duma vida previsível. É que escreveria páginas e páginas com tudo o que não fiz... (se calhar pos isso só encontro esta pequena folha com algo que conseguia sentir: a impotência das duas da manhã!)

Os anos parecem horas quando mal usados. E o peso que nos obriga a carregar parecem séculos:
Vivi tão poucas horas e sofro séculos por isso!

Agora quero viver o meu momento de adrenalina. O derradeiro. E termino como nunca gostei, como é hábito na minha vida (viver como nunca gostei), pelo menos na escrita.

Que faça com que todos vós terminem também com a apatia!

Ass: Maria

by Dina

Frida



Porque há pessoas que nunca desistem e merecem ser honradas.

by Dina

A porra da apatia - I

No outro dia lia um texto num blog que costumo consultar e a opinião da distinta autora do artigo fazia referência à apatia que muitas vezes nos assola. Ora, passados alguns dias vejo-me confrontado com uma situação que revela, para além de apatia, amorfismo, negligência, lassidão e abstenção...acrescento: FALTA DE CIDADANIA.
A situação que vos trago revela mais uma das características de muitos seres humanos que deambulam por este nosso mundo actualmente, característica essa que me perturba de uma forma avassaladora: a falta de opinião.
Porque é que os jovens de hoje em dia se abstêm de tomar decisões, lutar pelo que defendem, gritar, bater com o punho na mesa e dizerem o que sentem? Por ventura sentirão que tudo está bem. São os comunistas da moda! Agora é giro ser-se contestatário, vestir-se à hippie, fumar-se umas ganzas e dizer que os males do mundo são culpa do sistema. Mas eu pergunto-vos, caros apáticos: que sistema? Que problemas? Lá está: é moda ser-se do contra! E como o país está como está, desculpam-se com isso para não participarem em votações, não darem a sua opinião...porque, dizem, "isso não serve para nada; quem para lá vai é igual ao que já lá esteve"!
Meus caros amorfos: se vocês obtêm tudo com tanta facilidade, por algum motivo é. Não se esqueçam que este país já foi uma ditadura e que, durante esse período ninguém se arriscava a abrir a boca. Ninguém?...engano-me...foi graças a alguém que, há quase 33 anos, conquistámos esse direito.
Meus caros negligentes: é bom que, em vez de irem para a praia neste dia solarengo se lembrem que há locais onde podem dar as vossas opiniões. Locais que servem, também, para vocês se queixarem do bode do sistema. Mas um conselho: leiam um bocadinho, instruam-se, analisem, critiquem...não se resumam à leitura nem aceitem tudo o que está escrito...é com a história, com a análise do passado, que se aprende, realmente, a compreender o mundo.
Meus caros lassos: não sejam moles! Levantem a bunda do vosso sofá e aproveitem a luz do sol para fazerem fotossíntese. Pode ser que assim consigam alguma energia que vos permita deixar de ser mais vegetais do que um repolho!
Meus caros abstencionistas: não vale a pena dizerem que não concordam com o sistema se só o fizerem nos corredores. É nas urnas e/ou em assembleias que isso se faz! É lá que se pode votar algo, apresentar propostas de resolução, discutir ideias e ideais! Não vale a pena dizermos que somos contra o sistema quando nos limitarmos a fazer só isso! AJAM!!!! AJAM, PELO AMOR DE DEUS!!!! AJAM, PORRA!!!! E NÃO ESPEREM QUE A ROUPINHA, QUE O DINHEIRO PARA AS PROPINAS, PARA OS COPOS E PARA O RAIO DAS GANZAS CONTINUE A VIR DO BOLSO DOS PAPÁS...PORQUE (NÃO SEI SE JÁ SE APERCEBERAM) OS PAPÁS, UM DIA DESTES, TAMBÉM VÃO MORRER E DEPOIS É QUE VÃO SER ELAS!!! SE NÃO TIVERES LUTADO PELOS TEUS DIREITOS TALVEZ O SISTEMA TE LIXE...E O PIOR É QUE, NESSA ALTURA, TU NÃO SABES QUEM É O SISTEMA (PORQUE TE ABSTIVESTE DE O CONHECER E COMPREENDER O QUE É QUE ELE ANDAVA A FAZER) E, POR CONSEGUINTE, NÃO VAIS SABER CONTRA QUEM LUTAR!!!!!!!!!!!!

Nas nossas circunstâncias, não lutar é ser-se conivente com o sistema.
Caríssimos apáticos, amorfos, negligentes, lassos e abstencionistas: O SISTEMA SÃO VOCÊS!!!!!!

Espero que o desabafo sirva para alguma coisa.

Gasparzinho

BEM VINDOS

Porquê mais um blog no meio de uma blogosfera tão extensa?
...
Porque vale sempre a pena pensar e conversar sobre tudo!
Duas pessoas estão, agora, a iniciar este espaço, mas ele só será criado, realmente, com a participação de todos aqueles que quiserem contribuir com os seus pensamentos acerca de quaisquer assuntos que lhes venham à cabeça.
Pedimos, somente, VONTADE, disponibilidade para PENSAR e PARTILHAR, seja qual for a loucura que queira abordar...fazem falta pessoas que sejam LIVRES a esse ponto...

Um abraço.